Ansiedade, Sem categoria
A ansiedade faz parte do repertório humano, porém quando se torna intensa, frequente e desproporcional, pode evoluir para transtornos que comprometem o bem-estar, o sono, o trabalho e os vínculos sociais. Em momentos de maior estresse, uma crise de ansiedade pode surgir com palpitações, falta de ar e medo intenso, o que reforça a importância de informação de qualidade, diagnóstico correto e acesso a terapias.
Nos últimos anos, a ciência avançou na compreensão dos transtornos de ansiedade e ampliou as opções terapêuticas, incluindo o uso de canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD), como possível adjuvante em casos selecionados e sob acompanhamento médico. Assim, discutir crise de ansiedade e caminhos de cuidado embasados em literatura é essencial para pacientes, cuidadores e interessados no tema.
O que é, e quais são os tipos de ansiedade?
Em sua essência, a ansiedade é uma reação natural e fundamental do corpo a situações percebidas como ameaçadoras ou estressantes. No entanto, quando essa resposta se torna desproporcional, crônica e começa a interferir nas atividades diárias, ela pode ser classificada como um transtorno de ansiedade. Portanto, a ansiedade patológica é diagnosticada quando os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo.
O diagnóstico é realizado por profissionais de saúde com base nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
Essencialmente, a avaliação considera a intensidade, a duração e a frequência dos sintomas, além do impacto funcional na vida do paciente, sendo um processo cuidadoso e detalhado.
Existem diversos tipos de transtornos de ansiedade, cada um com suas particularidades. Os mais comuns incluem:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Caracterizado por preocupação crônica e excessiva.
- Transtorno do Pânico: Marcado por ataques súbitos e intensos de medo, conhecidos como ataques de pânico.
- Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): Medo acentuado de situações sociais ou de desempenho.
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): Definido por pensamentos obsessivos e rituais compulsivos.
Cada transtorno exige uma abordagem terapêutica específica, por isso, a avaliação por um especialista é indispensável para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Quais são os sintomas da ansiedade?
Os sintomas da ansiedade são complexos e se manifestam em quatro domínios: emocionais, cognitivos, fisiológicos e comportamentais:
No campo emocional predominam medo, apreensão e sensação de ameaça iminente, enquanto no campo cognitivo surgem pensamento catastrófico, hiper-vigilância e dificuldade de concentração.
Já no campo fisiológico, os sintomas frequentes são taquicardias, respiração acelerada, tremores, sudorese, tensão muscular, tontura e desconfortos gastrintestinais. Enquanto no âmbito comportamental a evitação de situações, a inquietação e o hipercontrole de rotinas podem manter o ciclo ansioso.
Na prática, uma crise de ansiedade pode combinar palpitações, falta de ar, sensação de sufocamento, náuseas, calafrios ou ondas de calor, parestesias e medo intenso de “perder o controle”. Em muitos casos, o quadro inclui despersonalização ou desrealização, o que confunde o paciente e aumenta a busca por atendimento emergencial.
A presença de sintomas persistentes, recorrentes e com prejuízo funcional sinaliza necessidade de avaliação diagnóstica estruturada.
Quais são as causas da ansiedade?
A ansiedade resulta de interação entre predisposição biológica, experiências de vida e fatores ambientais. Não há causa única, as causas da ansiedade são multifatoriais, resultando de uma complexa interação entre fatores genéticos, neurobiológicos, ambientais e psicológicos.
Primeiramente, a ciência mostra que a predisposição genética desempenha um papel importante. Ter parentes de primeiro grau com transtornos de ansiedade aumenta significativamente o risco de desenvolver a condição, indicando uma vulnerabilidade herdada.
Do ponto de vista neurobiológico, a ansiedade está ligada a desequilíbrios em neurotransmissores cerebrais cruciais, como a serotonina, a noradrenalina e o GABA, que regulam o humor e a resposta ao estresse. Adicionalmente, o sistema endocanabinoide, responsável pelo nosso equilíbrio interno (homeostase), também está diretamente implicado. Um desequilíbrio nesse sistema pode deixar o corpo mais suscetível a uma crise de ansiedade.
Fatores ambientais e experiências de vida são gatilhos. Eventos traumáticos, estresse crônico no trabalho ou na vida pessoal, perdas significativas e até o uso de certas substâncias podem desencadear ou agravar quadros de ansiedade. Da mesma forma, certos traços de personalidade, como o perfeccionismo ou a baixa autoestima, podem tornar uma pessoa mais propensa a desenvolver o transtorno.
Ansiedade: como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da ansiedade é realizado de forma clínica, ou seja, baseia-se na avaliação criteriosa de um profissional de saúde qualificado, como um psiquiatra ou psicólogo. O processo começa com uma entrevista detalhada, na qual o especialista investiga a natureza, a frequência, a duração e a intensidade dos sintomas, bem como o impacto que eles causam na vida do paciente.
Embora não existam exames de laboratório ou de imagem que confirmem, eles podem ser solicitados para um propósito importante: descartar outras condições médicas. Por exemplo, problemas na tireoide, como o hipertireoidismo, podem mimetizar os sintomas de uma crise de ansiedade. Portanto, exames de sangue podem ser utilizados para excluir causas orgânicas.
A avaliação clínica é complementada pelo uso de manuais diagnósticos, como o DSM-V, que estabelece critérios específicos para cada tipo de transtorno de ansiedade. Através da análise cuidadosa do quadro do paciente à luz desses critérios, o profissional consegue chegar a um diagnóstico preciso e, a partir daí, elaborar um plano de tratamento individualizado e eficaz.
Como a Cannabis pode ajudar no tratamento da ansiedade?
A Cannabis medicinal, especialmente por meio do canabidiol (CBD), tem demonstrado um potencial terapêutico notável para o tratamento da ansiedade. Estudos revelam que o CBD interage com o corpo de maneiras complexas e benéficas. Um dos seus principais mecanismos de ação é a modulação dos receptores de serotonina 5-HT1A, que desempenham um papel central na regulação do humor e da ansiedade.
Além disso, o CBD atua de forma indireta no sistema endocanabinoide. Ele inibe a enzima FAAH, que é responsável por degradar a anandamida, um endocanabinoide que produzimos naturalmente e que é conhecido como a “molécula da felicidade”. Com mais anandamida circulando, a sensação de bem-estar e calma é amplificada, o que ajuda a reduzir a ansiedade de forma natural.
Como constatado ao longo do texto, o tratamento com Cannabis pode levar a bons níveis na redução dos sintomas de ansiedade. No entanto, a dosagem é um fator crucial. Estudos mostram que doses moderadas de CBD são eficazes, enquanto doses muito baixas ou excessivamente altas podem não ter o mesmo efeito. Por outro lado, o THC, outro canabinoide importante, também pode ajudar em doses bem baixas.
Por essa razão, formulações ricas em CBD e com baixos teores de THC são geralmente as mais recomendadas para tratar transtornos de ansiedade e para manejar uma crise de ansiedade.
A Cannabis medicinal oferece, assim, uma alternativa segura e com efeitos adversos mais brandos em comparação com muitos medicamentos convencionais, representando uma nova fronteira no cuidado da saúde mental.