Ansiedade

Crise de ansiedade: seu guia para entender e retomar o controle
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Uma crise de ansiedade pode se manifestar de forma avassaladora, deixando uma sensação de perda de controle e medo intenso. Contudo, é fundamental entender que essa é uma reação do nosso corpo.

Por outro lado, o conhecimento é uma ferramenta poderosa para gerenciar esses episódios, permitindo que você retome as rédeas da situação.

Este guia foi elaborado com base em evidências científicas para desmistificar o que acontece em seu cérebro e corpo. Além disso, ele oferece estratégias práticas e acessíveis. 

Consequentemente, você aprenderá a identificar os sinais e a agir de forma eficaz quando uma crise de ansiedade surgir.

O que é ansiedade?

 

Primeiramente, a ansiedade é uma resposta natural a uma ameaça percebida, um mecanismo de sobrevivência herdado de nossos ancestrais. Em essência, ela prepara o corpo para lutar ou fugir. 

No entanto, quando essa reação é ativada de forma desproporcional ou constante, ela pode ser classificada como um transtorno.

Do ponto de vista científico, a ansiedade envolve uma complexa interação em nosso cérebro, especialmente na amígdala, que atua como nosso “detector de perigo”. Desequilíbrios em neurotransmissores, como a serotonina e o GABA, são frequentemente observados em quadros de ansiedade crônica.

O diagnóstico dos transtornos de ansiedade é realizado por profissionais de saúde com base em critérios clínicos bem definidos. Geralmente, avalia-se o impacto que os sintomas causam no dia a dia do paciente. Por isso, uma conversa honesta com um especialista é o primeiro passo para um tratamento adequado.

Existem diferentes tipos de transtornos de ansiedade, e cada um possui características distintas. Os principais incluem:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Preocupação excessiva e crônica.
  • Transtorno de Pânico: Ocorrência de ataques de pânico inesperados e intensos.
  • Fobia Social: Medo acentuado de situações sociais.
  • Fobias Específicas: Medo irracional de um objeto ou situação particular.


Embora os gatilhos e as manifestações possam variar, a base neurobiológica desses transtornos compartilha muitas semelhanças. Consequentemente, muitas estratégias de manejo podem ser benéficas para diferentes tipos de ansiedade.

Compreender que a ansiedade tem uma base biológica ajuda a reduzir o estigma. Afinal, não se trata de “fraqueza”, mas sim de uma condição de saúde que, felizmente, pode ser tratada e gerenciada com sucesso.

O que são gatilhos e como reconhecê-los?

 

Gatilhos, ou disparadores, são estímulos internos ou externos que podem iniciar uma crise de ansiedade. Eles funcionam como um alarme que ativa a resposta de medo no cérebro, mesmo que não haja um perigo real iminente. Essencialmente, esses gatilhos são formados por associações que nosso cérebro aprendeu a interpretar como ameaçadoras. Por exemplo, um local, um pensamento ou até mesmo uma sensação física podem se tornar um gatilho.

O mecanismo por trás de um gatilho é fascinante. Quando nos deparamos com um estímulo que o cérebro associa ao perigo, a amígdala dispara uma resposta de estresse, liberando hormônios como adrenalina e cortisol. 

Isso acontece de forma extremamente rápida, muitas vezes antes que a parte racional do nosso cérebro, o córtex pré-frontal, consiga processar a situação. Portanto, a reação de ansiedade pode parecer súbita e incontrolável.

Reconhecer seus gatilhos pessoais é um passo fundamental para o autogerenciamento da ansiedade. Para isso, a auto-observação é a chave. 

Manter um diário pode ser muito útil: anote quando a ansiedade surge e o que está acontecendo, pensando ou sentindo naquele momento. Com o tempo, padrões podem ser identificados, como o consumo de cafeína, noites mal dormidas, prazos de trabalho apertados ou interações sociais específicas. Consequentemente, ao conhecer seus gatilhos, você pode criar estratégias para evitá-los ou para se preparar melhor para enfrentá-los.

Como reconhecer uma crise de ansiedade?

 

Uma crise de ansiedade é caracterizada por um período de medo e desconforto intensos que atinge um pico em poucos minutos. Durante esse episódio, o corpo é inundado por uma onda de sintomas físicos e psicológicos. É importante notar que, embora assustadora, a crise é temporária e não representa um perigo de vida real.

O processo geralmente começa com um pensamento preocupante ou a exposição a um gatilho, que rapidamente escala. O corpo entra em modo de alerta máximo, e os sintomas físicos começam a aparecer. A interpretação catastrófica desses sintomas (por exemplo, “estou tendo um infarto”) alimenta ainda mais o medo, criando um ciclo vicioso que intensifica a crise.

Os sintomas mais comuns podem ser divididos em físicos e cognitivos:

 

  • Físicos: Coração acelerado (taquicardia), falta de ar, dor ou aperto no peito, tremores, sudorese, tontura, náuseas e formigamento nas mãos ou pés.
  • Cognitivos: Medo avassalador de perder o controle ou morrer, sensação de estar se desligando da realidade (desrealização) ou de si mesmo (despersonalização).

 

Vale citar ainda que muitas vezes, os termos crise de ansiedade e ataque de pânico são usados como sinônimos, mas há uma sutil diferença. Uma crise de ansiedade geralmente está ligada a um gatilho específico e pode se desenvolver gradualmente. Por outro lado, um ataque de pânico tende a ser mais súbito, intenso e inesperado, sem um motivo aparente.

Entender essas características é essencial para não apenas identificar o que está acontecendo, mas também conseguir comunicar-se melhor sobre o que está sentindo.

Como controlar a crise de ansiedade?

 

Controlar uma crise de ansiedade no momento em que ela acontece é totalmente possível com as técnicas certas. O objetivo é interromper o ciclo e sinalizar para o seu cérebro que você está seguro.

 

Aqui está um guia prático e efetivo:

 

Como controlar a crise de ansiedade sozinho

 

Enfrentar uma crise de ansiedade sozinho pode ser assustador, mas você pode se tornar seu próprio porto seguro. Primeiramente, lembre-se de suas experiências passadas: você já sobreviveu a todas as outras crises. Essa lembrança por si só já é uma poderosa afirmação de sua resiliência.

Desenvolva um “kit de primeiros socorros” mental. Tenha uma frase de segurança, como “Meu corpo está apenas reagindo, e eu sei como acalmá-lo”. Repita-a para si mesmo. Essa autocompaixão é fundamental e muda a narrativa interna de pânico para uma de autocuidado e controle.

Além disso, use a tecnologia a seu favor. Existem diversos aplicativos de meditação guiada e exercícios de respiração que podem conduzi-lo durante uma crise. Ter um áudio ou uma música que você sabe que te acalma já preparado no celular pode ser uma ferramenta de acesso rápido e eficaz.

Mova seu corpo. Mesmo um movimento simples, como caminhar lentamente pelo cômodo ou balançar os braços, ajuda a liberar a energia acumulada e a adrenalina. A ação física quebra o estado de paralisia que o medo pode impor, mostrando ao seu cérebro que você ainda está no comando.

Finalmente, desafie seus pensamentos catastróficos. Quando sua mente disser “algo terrível vai acontecer”, pergunte a si mesmo: “Qual é a evidência disso?”. Frequentemente, você descobrirá que o medo é baseado em uma possibilidade, e não em uma certeza. Consequentemente, ao focar nos fatos do momento presente, a ansiedade perde sua força.