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Desmistificando a Cannabis: 11 perguntas para quebrar o tabu

A Cannabis tem despertado crescente interesse no cenário da saúde brasileira, especialmente pelos seus bons resultados em diversas condições médicas. No entanto, apesar dos avanços científicos e regulamentares, ainda persistem muitos mitos e tabus em torno do tema.
Dessa forma, é fundamental esclarecer as principais dúvidas sobre o uso terapêutico da Cannabis, utilizando como referência estudos científicos.

Por isso, preparamos este guia abrangente com as 11 perguntas mais frequentes sobre Cannabis medicinal. Nosso objetivo é oferecer informações precisas e confiáveis que permitam decisões mais conscientes e opiniões livres do viés de preconceito.

A Cannabis medicinal

 

A utilização da Cannabis para fins medicinais remonta a milhares de anos, atravessando diferentes culturas e civilizações. Registros históricos indicam que, já em 2737 a.C., o imperador chinês Shen Nung documentava o uso da planta para tratar diversos males, incluindo dores, inflamações e distúrbios neurológicos. Além disso, civilizações antigas como os egípcios, gregos e indianos também incorporaram a Cannabis em suas práticas medicinais tradicionais.

Durante séculos, a Cannabis permaneceu como um medicamento amplamente aceito na farmacopeia mundial. Contudo, foi apenas no século XX que as proibições legais começaram a limitar seu uso medicinal. Felizmente, nas últimas décadas, pesquisas científicas têm validado muito do que já era praticado no passado, demonstrando que a Cannabis medicinal possui propriedades terapêuticas genuínas e mensuráveis.

Apesar do crescente reconhecimento dos benefícios terapêuticos da Cannabis medicinal, muitas dúvidas e mitos ainda cercam o seu uso, gerando insegurança em pacientes e cuidadores. Por isso, a desmistificação de conceitos equivocados é fundamental para que mais pessoas possam acessar um tratamento seguro.

O uso de Cannabis medicinal pode causar dependência?

 

Esta é uma das preocupações mais comuns entre pacientes e familiares. Primeiramente, é importante esclarecer que existe uma diferença significativa entre dependência física e psicológica. Estudos científicos demonstram que produtos de Cannabis medicinal ricos em canabidiol (CBD) e com baixo teor de THC apresentam risco irrisório de dependência. Especificamente, o CBD isolado não produz efeitos psicoestimulantes e não está associado ao desenvolvimento de dependência.

Por outro lado, produtos com altas concentrações de THC podem apresentar potencial de dependência, porém esse risco é consideravelmente menor quando comparado a outras substâncias como álcool, nicotina ou opióides.

Além disso, quando utilizados sob supervisão médica adequada e com dosagens terapêuticas controladas, os riscos são ainda mais reduzidos. Consequentemente, a Cannabis medicinal prescrita apropriadamente oferece um perfil de segurança favorável em termos de dependência.

O tratamento com Cannabis medicinal é seguro?

 

A segurança da Cannabis medicinal tem sido extensivamente estudada através de pesquisas. Os estudos de toxicidade aguda realizados com produtos como o Canabidiol demonstram que, mesmo em doses muito altas (2000mg/kg), não foram observadas alterações comportamentais significativas ou mortalidade em modelos experimentais. Igualmente importante, os testes de genotoxicidade confirmaram que esses produtos não causam danos ao material genético.

Além disso, estudos de segurança farmacológica evidenciam que a Cannabis medicinal não produz efeitos indesejados nos sistemas nervoso central, respiratório ou cardiovascular quando utilizada nas doses terapêuticas recomendadas. 

Naturalmente, como qualquer medicamento, podem ocorrer efeitos adversos leves e geralmente transitórios, incluindo sonolência, alterações gastrointestinais ou mudanças no apetite. Portanto, quando prescrita e monitorada adequadamente, a Cannabis medicinal apresenta um perfil de segurança aceitável para uso terapêutico.

 

Qual é a situação legal da Cannabis medicinal no Brasil?

 

O cenário legal da Cannabis medicinal no Brasil tem evoluído significativamente nos últimos anos. Desde 2015, a Anvisa permite a importação de produtos à base de Cannabis para uso medicinal, mediante prescrição médica e autorização específica. 

Posteriormente, em 2019, a publicação da RDC nº 327 representou um marco importante, regulamentando a fabricação e comercialização de produtos de Cannabis em território nacional.
Trazendo maior conforto, segurança e qualidade para pacientes e médicos que agora têm a garantia de produtos regulamentados  e um tratamento com concentrações precisas. Além da facilidade de acesso, afinal de contas agora os produtos são adquiridos nas principais redes de farmácia do país.

Desse modo, atualmente, pacientes podem adquirir produtos de Cannabis medicinal através de três vias legais: importação com autorização da Anvisa, compra em farmácias ou através de associações de pacientes licenciadas. 

Consequentemente, não há mais necessidade de recorrer ao mercado ilegal ou a processos judiciais para ter acesso ao tratamento. Entretanto, é fundamental que toda a cadeia – desde a prescrição médica até a aquisição do produto – siga rigorosamente as normas estabelecidas pela Anvisa.

Qual é a diferença entre Cannabis medicinal e a chamada ‘maconha’?

 

Esta distinção é crucial para desmistificar preconceitos sobre a Cannabis medicinal. A principal diferença reside na composição química, métodos de cultivo e finalidade de uso. Produtos de Cannabis medicinal são desenvolvidos através de cultivo controlado, com genéticas específicas que produzem concentrações padronizadas de canabinoides, especialmente CBD, mantendo níveis muito baixos ou inexistentes de THC.

Em contrapartida, a ‘maconha’ do mercado ilegal geralmente possui altas concentrações de THC (o componente psicoestimulante) e concentrações variáveis de outros canabinoides. Além disso, produtos de Cannabis medicinal passam por rigorosos controles de qualidade, incluindo testes de pureza e contaminantes microbiológicos, garantindo segurança e eficácia. Dessa forma, enquanto a maconha recreativa busca efeitos psicoestimulantes, a Cannabis medicinal foca exclusivamente em benefícios terapêuticos, com composições farmacêuticas precisas e controláveis.



O uso de Cannabis medicinal pode causar overdose?

 

A possibilidade de overdose fatal com Cannabis medicinal é extremamente remota, especialmente quando comparada a outras substâncias farmacológicas. Estudos toxicológicos demonstram que seria necessário consumir quantidades extraordinariamente altas para atingir níveis potencialmente letais. Por exemplo, pesquisas indicam que a dose letal de THC seria milhares de vezes superior às doses terapêuticas utilizadas na prática clínica.

Todavia, isso não significa que a superdosagem seja impossível. Sintomas de uso excessivo podem incluir sonolência intensa, agitação, diminuição do nível de consciência e, em casos raros, depressão respiratória. 

Felizmente, o tratamento da superdose é sintomático e geralmente requer apenas diminuição da dose ou interrupção temporária do tratamento. Portanto, embora a Cannabis para uso terapêutico apresente baixo risco de overdose, é essencial seguir rigorosamente as orientações médicas para evitar efeitos adversos.

Cannabis medicinal é apenas para quem tem doenças graves ou terminais?

 

Esta é uma percepção equivocada e precisa ser esclarecida.
A Cannabis tem aplicações terapêuticas em uma ampla gama de condições, desde sintomas leves até doenças complexas. Por exemplo, o CBD tem demonstrado bons resultados no tratamento de ansiedade, insônia, dores crônicas, fibromialgia e diversos transtornos neuropsiquiátricos, condições que não são necessariamente graves ou terminais.

Além disso, estudos clínicos têm evidenciado benefícios da Cannabis medicinal em condições como epilepsia refratária, transtorno do espectro autista, sintomas neuropsiquiátricos em demências e diversas síndromes dolorosas. Igualmente importante, muitos pacientes utilizam produtos de Cannabis como terapia adjuvante, reduzindo a necessidade de outros medicamentos com perfis de efeitos adversos mais significativos. Consequentemente, a Cannabis medicinal pode ser uma opção terapêutica valiosa para diversos pacientes, independentemente da gravidade de sua condição médica.

Todo tratamento com Cannabis medicinal causa efeitos psicoestimulantes?

 

Definitivamente não. 

Esta é uma das principais confusões sobre a Cannabis medicinal. Os efeitos psicoestimulantes  estão diretamente relacionados à presença de THC (tetraidrocanabinol) no produto utilizado. Produtos à base de CBD isolado, como o Canabidiol Ease Labs 100mg/mL, não contém THC em concentrações detectáveis e, portanto, não produzem qualquer efeito psicoativo.

Da mesma forma, extratos de Cannabis medicinal com proporções altas de CBD para THC (como 20:1 ou 30:1) produzem efeitos psicoestimulantes  mínimos ou imperceptíveis. Nesses casos, o CBD até mesmo pode antagonizar alguns efeitos do THC, reduzindo ainda mais a possibilidade de alterações cognitivas. Por isso, pacientes que utilizam produtos predominantemente à base de CBD podem manter suas atividades diárias normalmente, incluindo trabalho e direção, sempre seguindo as orientações médicas específicas.

Quais são as diferenças entre a regulamentação da Cannabis medicinal e a discussão sobre uso recreativo?

 

A regulamentação da Cannabis medicinal no Brasil é uma questão separada das discussões sobre uso recreativo.
Atualmente, apenas o uso medicinal está regulamentado pela Anvisa através de normas específicas que garantem segurança, qualidade e rastreabilidade dos produtos. Esta regulamentação foca exclusivamente em aspectos terapêuticos, com rigorosos controles de produção, distribuição e prescrição médica.

Em contraste, o uso recreativo da Cannabis permanece proibido pela legislação brasileira e não possui qualquer tipo de regulamentação sanitária.

Além disso, enquanto a Cannabis medicinal utiliza produtos com composições químicas controladas e finalidades terapêuticas específicas, o uso recreativo envolve produtos de composição variável e objetivos completamente distintos. Dessa forma, é importante compreender que avanços na regulamentação medicinal não implicam mudanças na legislação sobre uso recreativo, tratando-se de questões legais e sanitárias independentes.

 

Pacientes em tratamento com Canabidiol (CBD) correm risco de apresentar resultado positivo em exames toxicológicos?

 

Esta preocupação é especialmente relevante para profissionais que realizam exames toxicológicos periódicos. Produtos de Cannabis medicinal à base de CBD isolado, como o Canabidiol Ease Labs, não contêm THC em concentrações detectáveis (menos de 0,2%) e, teoricamente, não deveriam causar resultados positivos em testes convencionais. No entanto, alguns fatores podem influenciar os resultados dos exames.

Primeiramente, testes toxicológicos muito sensíveis podem detectar traços mínimos de THC presentes em alguns extratos de Cannabis medicinal. Adicionalmente, o uso prolongado ou de altas doses, mesmo de produtos com baixíssimo teor de THC, pode levar ao acúmulo de metabólitos detectáveis. Portanto, é fundamental que os pacientes informem seus empregadores e médicos do trabalho sobre o uso medicinal de Cannabis, apresentando a prescrição médica e documentação adequada para evitar problemas relacionados a exames toxicológicos.

Como adquirir Canabidiol ou extrato de Cannabis no Brasil?

 

A aquisição de produtos de Cannabis medicinal no Brasil segue um protocolo específico estabelecido pela Anvisa. Inicialmente, é necessário obter prescrição médica, que avaliará a indicação terapêutica e definirá o produto mais adequado. Posteriormente, existem três vias principais para aquisição: farmácias convencionais, importação com autorização da Anvisa ou associações de pacientes credenciadas.

Para produtos nacionais como os da Ease Labs, a aquisição tornou-se mais simples e acessível através de farmácias, eliminando a necessidade de importação. Além disso, estes produtos oferecem vantagens como disponibilidade imediata, maior controle de qualidade e custos mais acessíveis em comparação aos produtos importados. Consequentemente, o acesso à Cannabis medicinal no Brasil tem se tornado progressivamente mais democrático, garantindo que pacientes possam obter tratamento adequado de forma legal e segura, sempre com o acompanhamento médico apropriado.

A cannabis queima os neurônios?

 

As substâncias presentes na Cannabis podem alterar o funcionamento dos neurônios, mas não são capazes de destruí-los quando utilizados na forma terapêutica. Pelo contrário.

Vários estudos demonstram que os fitocanabinoides são capazes de promover a neurogênese (Suliman e Noor Azuin, 2017) e ainda possuem propriedades neuroprotetoras (Ramirez, 2005), que protegem as células neurais do ataque do sistema imune.

Mas vale ressaltar que apesar disso, o uso recreativo sobretudo na infância e na adolescência, período da vida em que há plasticidade neuronal, pode afetar as funções cerebrais.