Dores Crônicas, Fibromialgia, Saúde, Saúde da Mulher

Fibromialgia : Causa, sintomas, diagnóstico e tratamento

A Fibromialgia é uma síndrome de dor crônica complexa que afeta corpo e mente, estudos apontam que a síndrome afeta entre 2% a 5% da população mundial, sendo considerada a terceira doença reumática mais comum.

Sem cura, a fibromialgia é um grande desafio para quem convive com a doença.  Mas com informação de qualidade e abordagem multidisciplinar é possível reduzir sintomas e retomar a funcionalidade.

Entenda um pouco mais sobre a patologia, saiba identificar as causas, sintomas e quais são os tratamentos indicados.

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O que é Fibromialgia?

 

A Fibromialgia é uma síndrome crônica marcada por dor musculoesquelética difusa por, no mínimo, três meses. Além da dor, costumam ocorrer fadiga, sono não reparador e “névoa mental”. Portanto, a Fibromialgia afeta corpo, mente e rotina, impactando trabalho, relações e autoestima.

O mecanismo central desta síndrome envolve uma desregulação no processamento da dor pelo sistema nervoso central, fenômeno conhecido como “sensibilização central”. Em outras palavras, o cérebro e a medula espinhal amplificam os sinais de dor de forma exagerada.

Consequentemente, estímulos que normalmente não causariam dor podem ser percebidos como dolorosos, enquanto estímulos dolorosos são sentidos com intensidade muito maior. Essa amplificação explica por que a dor é tão generalizada e persistente na Fibromialgia.

É fundamental reconhecer que a Fibromialgia não é uma condição imaginária, mas sim uma desordem neurobiológica real e cientificamente validada. Embora exames de sangue e imagem possam não mostrar anormalidades, as alterações no processamento central da dor são mensuráveis por meio de testes especializados e neuroimagem funcional.

Por isso, validar a experiência dos pacientes é essencial. Dessa forma, uma abordagem integrativa que cuida do corpo e da mente torna-se fundamental para o manejo eficaz da síndrome.

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Fibromialgia: Quais as causas?

 

As causas da Fibromialgia são multifatoriais, resultado de uma interação complexa entre predisposição genética, alterações neuroquímicas e gatilhos ambientais. Estudos científicos demonstram que familiares de primeiro grau de pessoas com Fibromialgia apresentam risco até oito vezes maior de desenvolver a condição. Portanto, existe uma forte base genética. 

Além disso, genes relacionados ao metabolismo de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina parecem desempenhar papel crucial nessa doença.

Diversos fatores ambientais podem desencadear ou agravar a Fibromialgia.
Por exemplo, traumas físicos (como acidentes automobilísticos), infecções virais graves (hepatite C, Epstein-Barr, Lyme), cirurgias e, principalmente, estresse emocional intenso e prolongado são frequentemente associados ao início dos sintomas. Esses estressores parecem “reprogramar” o sistema de resposta ao estresse do corpo, aumentando sua sensibilidade à dor. Além disso, distúrbios do sono podem tanto ser consequência quanto causa da piora dos sintomas, criando um ciclo difícil de quebrar.

O perfil de pessoas que desenvolvem Fibromialgia é variado, mas a condição é significativamente mais comum em mulheres, que representam aproximadamente 80-90% dos casos diagnosticados.

Além disso, indivíduos com histórico de ansiedade, depressão, trauma emocional ou outras condições de dor crônica têm maior predisposição. Dessa forma, compreender esses fatores de risco é essencial para identificação precoce. Assim, uma abordagem preventiva que considere aspectos físicos, emocionais e ambientais torna-se fundamental no cuidado integral da Fibromialgia.

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Fibromialgia: Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da Fibromialgia é essencialmente clínico, baseado em uma avaliação criteriosa dos sintomas e do histórico médico do paciente. Em outras palavras, não existe um exame de sangue ou de imagem específico que confirme a doença de forma definitiva.

Atualmente, médicos utilizam critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR), que consideram a presença de dor generalizada por pelo menos três meses, fadiga, distúrbios do sono, sintomas cognitivos e outros sintomas somáticos. 

Portanto, a avaliação é abrangente e centrada na experiência individual da pessoa.

Durante a consulta, o profissional de saúde investigará detalhadamente a localização, intensidade, duração e características da dor, bem como outros sintomas associados como fadiga, problemas de memória e alterações de humor. Embora o exame dos “tender points” (pontos dolorosos específicos do corpo) tenha sido amplamente utilizado no passado, os critérios diagnósticos mais recentes focam na experiência global do paciente e no impacto funcional da condição no dia a dia. Consequentemente, o diagnóstico tornou-se mais holístico e menos dependente de um único critério físico.

Exames laboratoriais (como hemograma completo, função da tireoide, velocidade de hemossedimentação) e de imagem são frequentemente solicitados, mas com o objetivo principal de excluir outras doenças que possam causar sintomas semelhantes. Por exemplo, condições como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, hipotireoidismo, deficiências nutricionais e outras doenças reumáticas precisam ser descartadas antes do diagnóstico definitivo.

Assim, após uma investigação adequada e exclusão de outras causas, o diagnóstico de Fibromialgia é confirmado. Dessa forma, o paciente pode iniciar um plano de tratamento personalizado, baseado em evidências científicas e adaptado às suas necessidades individuais.

Fibromialgia: Tratamento

O tratamento da Fibromialgia é multimodal, o que significa que combina diversas estratégias para um manejo eficaz e personalizado. A base do tratamento é não farmacológica, com forte ênfase em exercícios físicos de baixo impacto, como caminhada, natação ou ioga. Além disso, a educação do paciente sobre a doença e a terapia cognitivo-comportamental (TCC) são fundamentais para ajudar a modular a percepção da dor e desenvolver estratégias de enfrentamento.


Quando necessário, medicamentos podem ser prescritos para complementar as terapias não farmacológicas. Fármacos que atuam na modulação da dor no sistema nervoso central, como alguns antidepressivos e anticonvulsivantes, são frequentemente utilizados para controlar a dor, melhorar o sono e o humor. No entanto, é importante notar que analgésicos comuns e anti-inflamatórios geralmente têm eficácia limitada para a dor crônica da Fibromialgia, e opióides são desaconselhados para uso contínuo.


Abordagens integrativas também desempenham um papel importante no controle dos sintomas da Fibromialgia. Práticas como acupuntura, meditação mindfulness e tai chi têm demonstrado benefícios na redução da dor e do estresse. Essas terapias, quando combinadas com o tratamento convencional, podem oferecer um alívio adicional e melhorar significativamente a qualidade de vida. Portanto, um plano de tratamento holístico é sempre o mais recomendado.


Nesse contexto, a Cannabis surge como uma ferramenta terapêutica promissora. Estudos científicos mostram que os canabinoides, como o CBD e o THC, interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que regula funções essenciais como dor, sono e humor.

Pacientes com Fibromialgia que fazem uso de produtos de Cannabis frequentemente relatam uma redução significativa da dor, melhora na qualidade do sono e uma sensação geral de bem-estar. Muitos, inclusive, conseguem reduzir a necessidade de outros medicamentos, diminuindo os efeitos colaterais e promovendo um tratamento mais natural e sustentável.