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Os termos fitoterápico e fitofármaco são semelhantes. Além de possuírem o mesmo prefixo “fito”, eles estão relacionados com substâncias vegetais, advindas da natureza, que é justamente o significado desse morfema. Por esse motivo, podem gerar confusão.
A fitoterapia vem ganhando destaque nos últimos anos por ser um tratamento mais natural. Mas você já ouviu falar em fitofármaco? Apesar dos nomes serem semelhantes, eles não têm o mesmo significado.
Acompanhe a leitura para entender melhor o que significa cada um desses termos e onde se encaixa o produto à base de Cannabis.
Conceitos iniciais que envolvem fitoterápico e fitofármaco
No senso comum, as pessoas têm a tendência de acreditar que tudo que vem de plantas é a mesma coisa. Acontece, que nem todas as espécies consideradas medicinais servem para fazer chás caseiros. Por isso, é importante ficar atento aos efeitos de cada uma.
Inicialmente, antes de adentrarmos aos conceitos de fitoterápico e fitofármaco, vamos esclarecer o significado de outras palavras relacionadas que também são muito usadas e confundidas.
Planta Medicinal
É uma espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada para fins terapêuticos, ou seja, em tratamentos.
Droga Vegetal
A planta medicinal ou suas partes devem passar por processos de coleta e estabilização para que apresentem as substâncias que irão proporcionar a ação terapêutica.
Derivado Vegetal
É o produto da extração da planta medicinal ou da droga vegetal o qual se apresenta na forma de extrato, tintura, alcoolatura, óleo e outros.
Chá Medicinal
Quando as drogas vegetais são preparadas por meio de infusão, decocção ou maceração em água, com fins medicinais a serem. Ou seja, não é a planta medicinal in natura que você usa para fazer um chá.

O que é produto fitoterápico e fitofármaco?
Os dois produtos advêm de plantas medicinais. Mas enquanto fitoterápico diz respeito ao medicamento, que pode conter diferentes ativos em sua fórmula na fase final, o fitofármaco está mais ligado à sua origem.
A principal diferença entre estes produtos consiste na quantidade de substâncias ativas presentes. Por definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em nenhum dos grupos citados pode haver modificação da estrutura química.
Fitoterápico
Segundo a definição da RDC n°26/2014 da Anvisa, são considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais.
Mas não basta só serem de origem vegetal. Por se tratar de um medicamento, como qualquer outro, sua segurança e eficácia devem se basear em evidências clínicas. Além disso, devem ser submetidos a controle de qualidade em padrões farmacêuticos.
Um medicamento fitoterápico deve conter mais de uma substância ativa. Ainda segundo a Anvisa, aqueles medicamentos que incluam na sua composição substâncias ativas isoladas ou altamente purificadas, não são fitoterápicos.
Assim sendo, o fitoterápico irá compreender uma mistura de diversos compostos ativos diferentes atuando de forma sinérgica. Ou seja, fazendo com que o efeito terapêutico seja ainda melhor.
Essa mistura recebe o nome de fitocomplexo. Para garantir o mesmo teor de fitocomplexos em cada gota, no caso de um medicamento oral em óleo, o fabricante faz a verificação de marcadores específicos (moléculas presentes na planta medicinal) em cada lote que será produzido, para fazer a padronização química.
Os tratamentos com remédios fitoterápicos devem ser levados a sério. Esse tipo de medicamento passa por testes tão rigorosos que a Anvisa instituiu a fitoterapia como uma política pública.
Além de trazerem alívio a muitos sintomas, eles também resgatam a ancestralidade e tradição. O Brasil é um país rico em flora e fauna e deve explorar esses recursos naturais, fato que também contribui para a geração de emprego e renda a muitas comunidades que tiram da floresta o seu sustento.
Produto tradicional fitoterápico
Ainda dentro dessa categoria, encontramos também o produto tradicional fitoterápico, que não são medicamentos. A diferença é que sua segurança e efetividade são baseadas em dados publicados na literatura técnico-científica e assim são podem ser disponibilizados para o uso sem acompanhamento médico.

Fitofármaco
Os fitofármacos também são considerados medicamentos da biodiversidade de origem vegetal. Mas ao contrário do fitocomplexo, um fitofármaco é uma molécula totalmente isolada, com estrutura química definida e atividade farmacológica.
O extrato obtido da planta contendo várias substâncias deve ser purificado até que consiga se isolar uma única molécula pretendida. A partir daí, o fitofármaco pode ser utilizado como ativos em medicamentos com propriedade profilática, paliativa ou curativa.
Esse é o caso dos produtos à base de Cannabis que contém apenas a molécula CBD em sua fórmula. Não são considerados fitofármacos compostos isolados que sofreram qualquer etapa de semi-síntese ou modificação de sua estrutura química.
Principais plantas apontadas pela Farmacopeia brasileira
A Farmacopeia Brasileira é o código oficial farmacêutico do país, onde se estabelecem os requisitos mínimos de qualidade para insumos farmacêuticos, medicamentos e produtos para a saúde.
Dentro dela encontramos um compêndio farmacopeico contendo formulações fitoterápicas autorizadas pela Anvisa, bem como as instruções para sua formulação farmacêutica e utilização. Confira algumas das mais conhecidas e utilizadas:
- Aesculus hippocastanum (Castanha da índia)
- Allium sativum (Alho)
- Aloe vera (Babosa)
- Calendula officinalis (Margarida)
- Cynara scolymus (Alcachofra)
- Equisetum arvense (Cavalinha)
- Ginkgo biloba
- Glycine max (Soja)
- Harpagophytum procumbens (garra do diabo)
- Matricaria chamomilla (Camomila)
- Passiflora incarnata (Maracujá)
- Paullinia cupana Kunth (Guaraná)
- Psidium guajava (Goiaba)
- Rhamnus purshiana DC (Cáscara sagrada)
- Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Barbatimão)
- Uncaria tomentosa (Unha de gato)
- Valeriana officinalis
- Zingiber officinale Roscoe (Gengibre)

Apesar de parecer algo complexo, entender a base da diferença entre fitofármaco e fitocomplexo é simples. Há pontos importantes para entender os conceitos e assim, prosseguir na sua pesquisa.
Gostou de entender mais sobre medicamentos com origem vegetal? Então não perca nenhum conteúdo do nosso blog e leve uma vida mais natural.
Referências
Fitoterápico vs Fitofármaco. DRUAH. Disponível em: <https://www.druah.com/post/fitoter%C3%A1pico-vs-fitof%C3%A1rmaco>
Fitoterápicos e fitofármacos. Fiocruz. Disponível em: <https://mooc.campusvirtual.fiocruz.br/rea/medicamentos-da-biodiversidade/fitoterpicos_e_fitofrmacos.html#:~:text=Os%20fitof%C3%A1rmacos%20tamb%C3%A9m%20s%C3%A3o%20considerados,qu%C3%ADmica%20definida%20e%20atividade%20farmacol%C3%B3gica.>
RDC N° 26, DE 13 DE MAIO DE 2014. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Ministério da Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.pdf>
Memento Fitoterápico. Farmacopeia Brasileira | ANVISA. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/MementoFitoterapico1.pdf>
Formulário de Fitoterápicos. Farmacopeia Brasileira | ANVISA. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico/2022-fffb2-versao-13-mai-2022.pdf>
Política Nacional de Fitoterápicos. Ministérios da Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.pdf>
Akeme Kishi, Margarete. Conversando sobre Fitoterapia. Disponível em: <https://www.cff.org.br/userfiles/BOLETIM%20FITOTER%C3%81PICO.pdf>