Cannabis
Para que a planta Cannabis sativa vire um produto medicinal, em forma de óleo, cápsulas ou outros, é preciso extrair os seus princípios ativos, responsáveis por produzirem efeitos terapêuticos no corpo humano. Existem diferentes métodos de extração de Cannabis com esse fim.
É importante ressaltar que, até então, esses processos não são realizados em território nacional, haja vista que a legislação brasileira não permite o plantio e cultivo da Cannabis e nem a importação da planta in natura.
Os produtos comercializados no Brasil podem ser importados na sua forma final, ou formulados nacionalmente seguindo todas as exigências e padrão de qualidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Para isso, são utilizados insumos importados na sua forma primária. Continue a leitura para entender como é possível extrair as substâncias ativas da Cannabis.
Principais métodos de extração de canabidiol
Para explicar o processo de extração dos princípios ativos de uma planta, incluindo o canabidiol, podemos fazer uma analogia com o processo de coar um café.
Colocamos no coador apenas o café seco e moído. Da mesma forma, as flores da Cannabis passam por um processo de secagem e trituração.
A planta em sua forma in natura, sem passar pelo processo de secagem, contém muita água em sua composição. Isso pode dificultar a extração dos outros compostos ativos.
No processo de coagem do café, utiliza-se água em temperatura elevada para “dissolver” o pó. É como um solvente, que quando em contato com o café, faz com que as moléculas ativas se desprendam e vão diretamente para a jarra, já diluídas.
No caso dos canabinóides, para se obter as moléculas ativas da cannabis, os métodos mais utilizados para para sua extração, em ambientes com maior rigor científico, dependem do solvente utilizado.
Os principais solventes são: etanol (álcool), CO₂, hidrocarbonetos. Existem também métodos de extração de Cannabis mecânico, mas que não são utilizados pela indústria devido a ineficiência e baixo controle de qualidade.
Depois que a matéria prima entra em contato com o solvente, são liberadas as substâncias ativas para a fabricação do insumo: canabinoides, terpenos, flavonoides, etc. Este primeiro extrato bruto, com todas essas substâncias, é chamado “fitocomplexo”.
Em outras etapas é possível isolar algumas dessas substâncias dando origem, por exemplo, a um fitofármaco. O produto isolado à base de Cannabis que contém só o CBD é um exemplo de fitofármaco.

Etanol
Uma das formas mais eficientes e mais utilizadas de extração envolve o uso de etanol. Utilizando álcool isopropílico, as flores são colocadas dentro de um equipamento rotativo e são saturadas pelo solvente.
Por meio da agitação mecânica dessa solução, obtém-se o extrato cru que posteriormente é filtrado. A retirada do álcool por completo ainda depende de um novo processo, da destilação.
De modo geral, esse método é muito difundido no âmbito industrial e farmacêutico, pois permite a extração e aproveitamento de todos os compostos ativos da planta, proporcionando um extrato rico em compostos, com grande potencial terapêutico.
CO₂ supercrítico
Um fluido supercrítico é definido como uma substância que encontra-se em estado com temperatura e pressão acima do seu ponto crítico, Para isso, é utilizado o Dióxido de carbono ou gás carbônico (CO₂), um composto que tem ponto crítico considerado relativamente baixo, viabilizando o processo.
Essa metodologia, também é comum na indústria devido ao maior grau de flexibilidade para extrair uma substância específica da planta. Entre as desvantagens, está a possibilidade de excluir outras substâncias que poderiam apresentar efeitos terapêuticos.
No caso da Cannabis, sabe-se que, devido ao efeito entourage, os efeitos terapêuticos são potencializados quando há a combinação de diversos canabinóides, e consequentemente tende a ser mais eficaz para produtos com fim medicinal.
Hidrocarboneto
Entre os métodos de extração de canabidiol está a extração por hidrocarboneto é similar à extração por CO₂ supercrítico, porém a diferença está na utilização de solventes como Butano e Propano em seu estado gasoso. Ambos são excelentes solventes para extrair os canabinóides da Cannabis.
O principal ponto negativo dessa metodologia de extração está no risco operacional desse processo, que trabalha com gases altamente inflamáveis aumentando o risco de acidentes. Dessa forma, aumenta o custo de produção para atingir-se os padrões de segurança necessários.
Maceração
A maceração é um processo manual que utiliza solventes (pode ser álcool, óleos vegetais e até água, em alguns casos). Apesar de simples e barato, é um processo lento que não garante o aproveitamento máximo do vegetal, pois o solvente pode acabar anulando alguns dos seus ativos.
Os extratos produzidos a partir desse tipo de extração contam com um amplo espectro de compostos, porém dificilmente passam por testes de verificação e amostragem rigorosos. Ele é mais usado nas produções caseiras e pelas associações.

Hidrodestilação
Esse método é muito utilizado em laboratórios, onde é realizado por meio do sistema Clevenger. Ou seja, consiste em mergulhar toda a matéria prima vegetal em água, mas utilizando aparelhagem específica, diferente da maceração.
Quando a água entra em ebulição, leva os compostos voláteis consigo, e quando condensa, voltando ao estado líquido, forma uma mistura heterogênea, com duas fases, devido à diferença de polaridade e densidade entre a água e as demais substâncias.
Devido ao uso de temperaturas elevadas que podem causar a perda e evaporação de ativos, esse processo é visto como desvantajoso para algumas indústrias.

Extração com gordura fria (enfleurage) e resina
Entre as vantagens desse processo está a ausência de solvente. Resumidamente, consiste em colocar camadas das flores frescas (in natura) sobre uma cera ou gordura em uma placa de vidro. Lentamente a cera irá extrair os componentes.
É um método simples e pouco eficiente, e por isso não é considerado o mais adequado para a produção de produtos farmacêuticos que seguem altos padrões de qualidade. As técnicas mais utilizadas por terem reconhecimento de grau farmacêutico são a etanoica e a por CO₂ supercrítico.
Importante destacar que a escolha do método de extração irá envolver o tipo de produto final a ser produzido, a velocidade de extração, a quantidade de solvente necessária, a sua polaridade, eficiência e o custo.
Como garantir a qualidade da substância extraída?
É muito importante que os médicos e pacientes, ao prescreverem e adquirirem produtos à base de Cannabis, procurem se informar com relação ao método com que os extratos são obtidos.
Existem solventes que são tóxicos e são utilizados em algumas etapas da produção. Assim, se não forem eliminados após a extração, podem representar risco para a saúde.
Além disso, é fundamental que as etapas anteriores à extração sejam feitas adequadamente. Por exemplo, as plantações devem ser cultivadas seguindo os padrões conhecidos como Good Agriculture and Collection Practices (GACP), ou Boas Práticas de Agricultura e Coleta em português, para garantir a boa qualidade da matéria prima.
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Referências
FILLIPIS, M. Flávia. Extração com CO2 Supercrítico de óleos essenciais de Hon-sho e Ho-sho. Porto Alegre, 2001. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3161/000333226.pdf?sequence=1>
Atuação do CO2 supercrítico em processos de separação de mistura.FELIPE, P. G. Letícia. Disponível em:
Processos de extração da Cannabis Medicinal. BIOVERA. Disponível em:
Métodos de extração de compostos bioativos naturais. Biotec2u. Disponível em: <https://biotec2u.com.br/biotec2u/metodos-de-extracao-de-compostos-bioativos-naturais/>
Como são extraídos óleos de cannabis com fins medicinais? HempMeds. Disponível em: <https://hempmedsbr.com/como-sao-extraidos-oleos-cannabis-com-fins-medicinais>