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O que é autismo ou Transtorno do Espectro Autista?
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Saber identificar o que é autismo é fundamental para que, assim, seja possível buscar caminhos que permitam o desenvolvimento e qualidade de vida do paciente o quanto antes. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) atinge cerca de 1% da população mundial. No Brasil, estima-se que esse número representa aproximadamente dois milhões de pessoas.

Neste artigo, você vai entender o que é autismo, os primeiros sinais de alerta e ainda quais são os tratamentos disponíveis. Acompanhe a leitura. 

O que é autismo?

Muita gente não sabe o que é, mas o autismo engloba uma série de condições que afetam o desenvolvimento neurológico do paciente. Ou seja, o funcionamento normal do cérebro. 

Desde 2013, a nova versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-V), reúne vários destes distúrbios sob o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Justamente por se manifestarem em diferentes níveis de intensidade. De modo geral, o paciente costuma lidar com:

  • Déficits na cognição;
  • dificuldades de comunicação e interação social; e 
  • prevalência de comportamentos repetitivos e estereotipados. 

Cada uma das nuances do espectro, por sua vez, é classificada de acordo com o grau de suporte necessário e também pelas peculiaridades comportamentais de cada um. 

Isso quer dizer que, enquanto alguns pacientes são capazes de realizar atividades cotidianas, outros precisam de mais amparo até mesmo para se vestir, tomar banho e se alimentar.

Em casos mais graves, o paciente ainda pode desenvolver problemas motores e agressividade. Sendo assim, podemos considerar o Transtorno do Espectro do Autismo em três tipos principais. Sendo eles: 

Nível 1 (autismo leve)

Uma pessoa diagnosticada com autismo de nível 1 apresenta prejuízos leves. Isso é, o transtorno não a impede de trabalhar, estudar e se relacionar, havendo menor necessidade de apoio no dia a dia. Pode ser equivalente ao que chamam de Síndrome de Asperger.

Neste caso, costuma ocorrer ausência de contato visual, dificuldade de manter diálogos, interesse reduzido nas interações, comportamento antissocial e padrões repetitivos e estereotipados

Inclusive, é comum que o transtorno de autismo leve seja diagnosticado mais tardiamente, visto que pode ser confundido com outros comportamentos e condições. Entre as mais comuns estão timidez, excentricidade, falta de atenção, ou até mesmo transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Nível 2 (autismo moderado)

Também conhecido como autismo moderado, um indivíduo com nível 2 apresenta um maior grau de dependência. Necessitando de mais de auxílio para desempenhar funções cotidianas, como tomar banho, se vestir, ler e escrever, entre outros.

As manifestações envolvem os transtornos de comunicação e a deficiência de linguagem, assim como inflexibilidade comportamental e pouca interação social.

Nível 3 (autismo severo)

Quem possui autismo neste nível do espectro apresenta complicações graves que interferem significativamente em todas as esferas da vida, necessitando de apoio especializado e constante.

Possuem comportamento inflexível, dificuldade de lidar com mudanças de rotina, comunicação prejudicada, demonstram emoções como estresse e raiva, assim como a presença de comportamentos repetitivos.

Também representado como Distúrbio Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação ou DGD-SOE.

Mãe segurando a mão da criança, com uma pulseira escrita "Eu tenho autismo" em inglês.
Os primeiros sinais do autismo costumam ser notados ainda na infância.

Os primeiros sinais do autismo

Os primeiros sinais do autismo costumam ser notados ainda na infância, durante os primeiros anos de vida. Já que é o período no qual há maior estímulo da comunicação, nas relações sociais e coordenação de objetos. 

Estudos apontam que a idade média de diagnóstico nos Estados Unidos (EUA) é de quatro anos de idade. No Brasil, um estudo-piloto realizado na cidade de São Paulo, chegou ao número de quatro anos e 11 meses. 

Embora possam ser diagnosticados antes ou depois disso, conforme o neurodesenvolvimento do paciente, o autismo apresenta características marcantes em todas as fases da vida. 

Quais são os sinais de alerta? 

No geral, para identificar o autismo, é importante ficar atento aos seguintes sinais de alerta: 

  • Baixo contato visual e poucas expressões faciais;
  • atraso na capacidade de fala; 
  • comportamentos repetitivos de sons ou movimentos; 
  • dificuldade de interação social;  
  • dificuldade de comunicação verbal e não verbal;
  • crises excessivas de raiva e irritabilidade;
  • falta de atenção e dificuldade de aprendizagem;
  • necessidade de ter uma rotina controlada;
  • dificuldade em lidar com mudança; e
  • impulsividade e apatia.

É importante ressaltar que, conforme vimos acima, os sintomas podem variar de acordo com o nível do autismo. Ou seja, para o paciente ser diagnosticado com autismo, não precisa necessariamente apresentar todos estes sintomas. 

Em caso de suspeita, lembre-se de procurar um médico para que possa avaliar o comportamento e confirmar o diagnóstico.

Quais são as principais causas do autismo?

As causas do Transtorno Espectro Autista (TEA) ainda permanecem desconhecidas. No entanto, evidências científicas sugerem que fatores genéticos e ambientais possam estar relacionados. 

Estudo publicado pelo JAMA Psychiatry, realizado com dois milhões de indivíduos de cinco países, aponta que até 99% dos casos de autismo têm causa genética. Dentre eles, cerca de 81% são hereditários. 

Além disso, sabe-se que algumas doenças genéticas podem aumentar as chances de desenvolver autismo. É o caso da síndrome de Down, síndrome do X frágil, síndrome de Rett e esclerose tuberosa, por exemplo. 

Alguns dos tratamentos para o Transtorno do Espectro Autista

Menino de autismo feliz durante terapia com tutor escolar, aprendendo e se divertindo juntos. Imagem ilustrativa texto o que é autismo
Atividades lúdicas são indicadas para estimular o desenvolvimento no tratamento do autismo.

Mesmo que o diagnóstico seja feito de forma precoce, é importante ressaltar que o autismo não tem cura e o paciente terá que lidar com os sintomas por toda a vida.

Diante disso, o tratamento para o TEA envolve medidas terapêuticas com o objetivo de reduzir os sintomas, por meio de suporte para o desenvolvimento e aprendizado escolar. 

Afinal, não existem medicamentos específicos para o tratamento do autismo. Mas sim, remédios que podem atenuar a manifestação de sintomas associados, como ansiedade, hiperatividade, agressividade, impulsividade, irritabilidade e alterações de humor. 

Por isso, é fundamental que o tratamento seja feito com acompanhamento multidisciplinar, envolvendo médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos. Sendo de suma importância a construção de uma rede de apoio familiar, social e profissional em torno do paciente.  

Assim como abordagens terapêuticas específicas para a qualidade de vida de cada paciente. Dentre elas, podemos destacar: 

  • Exercícios de linguagem e comunicação; 
  • ludoterapia; 
  • grupos de habilidades sociais;
  • terapia ocupacional; 
  • análise aplicada do comportamento (ABA); e 
  • terapia farmacológica, em caso de necessidade. 

Em quadros mais avançados, infelizmente, grande parte dos autistas podem não responder satisfatoriamente aos medicamentos e tratamentos tradicionais. 

Neste cenário, vale pontuar que o uso de produtos de Cannabis para o autismo  vem ganhando força e interesse médico como uma terapêutica auxiliar.

Apesar de não haver agravamento dos sintomas com o passar da idade, é importante destacar que o diagnóstico e intervenção precoce sucede em melhores resultados e uma vida melhor para o paciente. 

Deu para entender o que é autismo e suas características? Para continuar seu entendimento sobre essa condição, confira o nosso post sobre os comportamentos repetitivos.

Referências

Bai D, Yip BHK, Windham GC, et ai. Associação de fatores genéticos e ambientais com autismo em uma coorte de 5 países. JAMA Psiquiatria. 2019;76(10):1035–1043. doi:10.1001/jamapsychiatry.2019.1411 

American Psychiatric Association. Manual de diagnóstico e estatistico de transtornos mentais: DSM-V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 848 p.

Grinker RR. Autismo um mundo obscuro e conturbado. São Paulo: Larrousse do Brasil; 2010. 320 p.

Ribeiro TC, Casella CB, Polanczyk GV. Transtorno do Espectro do Autismo. In: Miotto E, Lucia M, Scaff M, editors. Neuropsicologia Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2017.

Robins D, Fein D, Barton M, Resegue RM (Trad. Questionário Modificado para a Triagem do Autismo em Crianças entre 16 e 30 meses, Revisado, com Entrevista de Seguimento (M-CHAT-F/F)TM [Internet]. 2009 Available from: http://www.mchatscreen.com 

SPB. Sociedade Brasileira de Pediatria. Transtorno do espectro autista. Manual de orientação. Departamento de pediatria do desenvolvimento e comportamento. Nº5, 2019. 

CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Autism Spectrum Disorder, Family Health History, and Genetics. Disponível em: https://www.cdc.gov/genomics/disease/autism.htm 

THE NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH. Autism Spectrum Disorder. Disponível em: https://www.nimh.nih.gov/health/topics/autism-spectrum-disorders-asd/index.shtml#part_145441
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Transtorno do Espectro do Autismo. 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21775c-MO_-_Transtorno_do_Espectro_do_Autismo.pdf

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