Cada vez mais, o uso medicinal do canabidiol (CBD) tem ganhado força e adeptos no Brasil e no mundo.
Com o avanço nas pesquisas sobre os produtos de Cannabis medicinal no tratamento de diversas patologias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece o potencial terapêutico da planta e seus compostos foram incluídos na lista de substâncias controladas.
Isso foi o suficiente para abrir caminho para a importação e impulsionar os laboratórios a aprofundarem em estudos sobre o tema.
Afinal, são muitas as condições clínicas que podem ser tratadas ou aliviadas com o uso destes produtos.
Estima-se que os problemas de saúde acometem até 18,6 milhões de brasileiros, e a quantidade de pessoas que poderiam efetivamente ser tratadas com a Cannabis medicinal totalizam 6,9 milhões de pessoas, segundo relatório da Kaya Mind, empresa de inteligência de mercado da Cannabis.
Por isso, o acesso aos produtos à base de CBD é cada vez mais importante. Mas quais são as principais vantagens para o uso medicinal do canabidiol? Acompanhe a leitura e descubra.
O que é canabidiol medicinal?
O mais abundante entre os canabinóides encontrados na Cannabis sativa, o canabidiol (CBD) atua no Sistema Nervoso Central e possui alto potencial terapêutico.
A ação do uso medicinal do Canabidiol acontece devido a interação dos canabinoides com o Sistema Endocanabinóide (SEC) presente no corpo humano.
Por sua vez, estimulam os receptores canabinóides presentes nas células do sistema nervoso e sistema imunológico, auxiliando na regulação e equilíbrio dos mesmos.
Com eficácia comprovada no tratamento de uma série de patologias, que vão de ansiedade e depressão a dores crônicas e insônia, é possível destacar os efeitos anticonvulsivante, anti-inflamatório, ansiolítico, calmante e neuroprotetor da substância.
O que torna o CBD capaz de proporcionar uma melhoria da qualidade de vida do paciente como um todo, influenciando no sono, humor, memória, apetite, entre outros.
Primeiros estudos sobre canabidiol

A Cannabis sativa é reconhecida oficialmente pela Anvisa como uma planta medicinal. Já o CBD é uma substância extraída da planta que tem aplicações medicinais registradas ao longo da história.
Em 2.700 a.C., na China, utilizava-se a planta para terapia de constipação intestinal, dores, malária, epilepsia, tuberculose e outras doenças.
Posteriormente, por volta de 1.000 a.C., na Índia, foi administrada no tratamento de ansiedade, manias e histeria.
No início do século 20, seus extratos foram comercializados na Europa para tratar desordens mentais. Porém, devido ao desconhecimento sobre a Cannabis e suas propriedades, e até mesmo por preconceito, seu uso terapêutico diminuiu.
Apenas na década 1960, com o avanço da tecnologia e da medicina, o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém Raphael Mechoulam isolou os componentes da planta e descobriu o canabidiol.
Na ocasião, ele verificou que a substância não tem propriedade psicoativa, ou seja, o CBD não causa efeitos sobre a atividade psíquica ou comportamental.
Essa informação foi reafirmada no relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). No documento, foi registrado que “o canabidiol, molécula não psicoativa da planta Cannabis sativa L., não é uma substância perigosa, pelo contrário, apresenta um potencial terapêutico alto”.
Este conceito é respaldado por um estudo sobre o efeito do CBD em oito pessoas epiléticas, realizado em 1980 por Raphael Mechoulam e investigadores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Em suma, os cientistas administraram 300 miligramas da substância por quatro meses nos pacientes. Desses, em quatro as convulsões cessaram completamente e, em outros três, a frequência dos ataques diminuiu consideravelmente.
Infelizmente, apesar dos resultados positivos, as pesquisas, na época, não motivaram mais investigações sobre o tema.
Mesmo assim, o uso medicinal do canabidiol continuou a ser estudado. Em 1988, Allynn Howlett e William Devabe descobriram a existência de receptores celulares para substâncias da Cannabis no organismo de ratos.
Posteriormente, essa presença também foi evidenciada em outros animais, incluindo o homem. Junto a essa descoberta, substâncias semelhantes às encontradas na planta foram identificadas, os endocanabinoides, produzidos pelo próprio corpo.
O responsável pela fabricação e degradação foi denominado de sistema endocanabinoide (SEC). Ele está envolvido na regulação de diversas funções orgânicas, como apetite, digestão, dor, humor, inflamação, memória, metabolismo, proteção e desenvolvimento dos neurônios, imunidade e outras.
Vantagens de usar canabidiol medicinal
Já deu para perceber que os produtos à base de Cannabis medicinal são capazes de trazer diversos benefícios para a saúde, bem-estar e qualidade de vida do paciente.
Tendo em vista a gama de atuações dos canabinoides, o uso medicinal do canabidiol tem crescido cada vez mais.
Em países onde a Cannabis sativa é legalizada para fins medicinais, como Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Uruguai e em quase toda a Europa, produtos à base de CBD são receitados para diversas patologias.
Diversas indicações médicas
Hoje, o CBD vem sendo pesquisado e aplicado no tratamento de doenças neurológicas, psiquiátricas, inflamações, e dores.
São cerca de 27 condições médicas, até então, que podem ser beneficiadas pelo uso medicinal da planta, de acordo com a classificação da Kaya Mind, seja no tratamento da doença em si ou então no auxílio dos sintomas.
Destacam-se a epilepsia, esclerose múltipla, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, ansiedade, dor crônica, fibromialgia, depressão, obesidade, glaucoma, inflamações intestinais, artrite e estresse pós-traumático.
Baixo efeito colateral
Uma das maiores vantagens dos produtos derivados da Cannabis é que os pacientes não costumam apresentar reações adversas.
No geral, a terapia canabinoide apresenta um uso bem tolerado e poucos efeitos colaterais em comparação aos medicamentos sintéticos.
Evidências de revisões de estudos realizados nos últimos 40 anos, pelo Centro Michael G. DeGroote para Pesquisa de Cannabis Medicinal, apontam para uma ampla segurança do uso do canabidiol em tratamentos de saúde.
Sem risco de dependência
Outro ponto positivo é que o uso medicinal do canabidiol não é capaz de causar dependência química, conforme afirmado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diferente do que acontece com o uso contínuo dos compostos sintéticos, que agem de forma mais severa no organismo, modificando a forma natural do funcionamento do corpo.
Nesse sentido, para indicações em que o uso de remédio é continuado, muitos médicos têm tentado como alternativa os produtos à base de Cannabis medicinal.
No entanto, vale ressaltar que, para que atenda tais níveis de segurança, é essencial que a substância seja utilizada com doses de prescrição individual, respeitando a faixa etária e o histórico de cada indivíduo.
Como comprar canabidiol medicinal no Brasil?

Como ressaltamos ao longo do texto, diante de tantos benefícios, garantir o acesso ao canabidiol medicinal à população é cada vez mais importante.
Então, se você deseja investir neste tipo de tratamento, antes de qualquer coisa é preciso consultar um médico prescritor.
Ele irá indicar qual o produto ideal e a dosagem, de acordo com as necessidades individuais de cada paciente.
Por fim, a indicação e forma de uso dos produtos de Cannabis são de responsabilidade do seu médico.
Deu para entender sobre as principais vantagens do uso medicinal do canabidiol? Então, continue acompanhando nosso trabalho para ficar por dentro do assunto.
Referências
Crippa, José Alexandre S., Zuardi, Antonio Waldo e Hallak, Jaime E. C.Uso terapêutico dos canabinoides em psiquiatria. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2010, v. 32, suppl 1, pp. 556-566. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462010000500009.
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Isolation, Structure, and Partial Synthesis of an Active Constituent of Hashish
Y. Gaoni and R. Mechoulam. J. Am. Chem. Soc. 1964, 86, 8, 1646–1647. Publication Date:April 1, 1964 https://doi.org/10.1021/ja01062a046 © American Chemical Society